O consumo de medicamentos na América Latina vem crescendo ao longo dos últimos anos. O Brasil é considerado líder, dentro do cenário regional. O país ocupa a sétima posição entre os que mais consomem medicamentos no mundo, ficando atrás apenas de países como Estados Unidos, China, Japão, Alemanha, França e Itália.
O resultado se dá por diversos motivos, como ser o sexto País com maior população do mundo, o acesso à saúde permitido pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e o envelhecimento da população cada vez maior.
Segundo a Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma), a previsão é que o Brasil possa chegar à 5ª posição do ranking neste ano de 2023. Porém, esses dados trazem um alerta, sobre a importância da orientação farmacêutica quanto ao descarte dos medicamentos.
Estimasse que os brasileiros gerem mais de 10 mil toneladas de resíduos de medicamentos por ano. Mas existe pouca legislação referente ao descarte correto de medicamentos vencidos ou sem uso. Quando isso é feito de forma incorreta acaba gerando um enorme impacto ambiental para o meio ambiente.
Cerca de 20% de todos os medicamentos utilizados são descartados de forma irregular. Ao descartar medicamentos vencidos ou em desuso de forma incorreta, os consumidores contribuem em uma quantidade pequena, com risco ambiental emergente presente nesse tipo de atitude, mas que quando acumulada causa grandes consequências.
A maior parte da população não sabe o mal que está fazendo ao realizar o descarte de medicamentos no lixo comum ou vaso sanitário. A cada quilo de medicamentos descartado incorretamente, até 450 mil litros de água podem ser contaminados, o que afeta a fauna, flora e até mesmo os seres humanos.
No âmbito da saúde pública, o problema está no armazenamento de medicamentos em casa, o que aumenta o risco de intoxicação, pois cerca de 28% dos casos de intoxicação no Brasil são por medicamentos. Quem maneja os resíduos sem proteção, como os catadores nos lixões, também são suscetíveis a eventos adversos e intoxicação.
O descarte deve ser feito em pontos de coletas específicos, para serem encaminhados à destinação final, ambientalmente adequada. A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) estabelece a obrigatoriedade para o descarte correto de medicamentos.
Devido aos grandes riscos à saúde humana e ao meio ambiente, é essencial que o farmacêutico, sendo o profissional de saúde mais próximo da população, passe as informações corretas ao paciente, como:
– Oriente o paciente a comprar apenas a quantidade necessária, para evitar o acúmulo de medicações;
– Indique ao paciente a procura de um posto de coleta na hora de descartar medicamentos vencidos ou fora de uso;
– Recomende para que o paciente entre em contato com a Vigilância Sanitária ou Secretária da Saúde do município para maiores informações.
Observação: a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), possui uma lista de postos de coletas credenciados.
Os estabelecimentos de saúde, como farmácias e drogarias exercem um papel fundamental com a chamada logística reversa. Além disso, existem empresas especializadas no descarte de medicamentos em drogarias.
Para as farmácias e drogarias que desejam se cadastrar como ponto de coleta de medicamentos vencidos, o Conselho Regional de Farmácia (CFF) mantém a campanha Programa Descarte Aqui. Na página do CFF é possível realizar o cadastramento dos estabelecimentos farmacêuticos.
Basta acessar a página de cadastro e informar o CNPJ da farmácia. Caso não conste na listagem, será necessário atualizar os dados cadastrais ao Conselho Regional de Farmácia da sua região.
As farmácias e drogarias são espaços de saúde pública e precisam exercer seu papel como agente conscientizador diante da sociedade. E uma dessas formas, é através da promoção e conscientização do descarte de medicamentos que estão vencidos.
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